Presunção de inocência
"Confesso que não compreendi o sentido em mutação
de qualquer referência ao modo como abres
as pernas e esperas que sacie a minha fome.
Disseram-me sempre coisas diferentes.
Aceito que não basta a a extensão húmida do meu desejo
sobre a fragilidade da tua nudez,
o modo como o teu abdómen contrai,
como respiras tão perto e estrangulas a minha vontade.
Aceito que não bastaria perfurar-te os olhos
ou rasgar-te o ventre. Dentro de ti é um lugar
em que me situas à distância inteligível das coisas,
sempre que aceitas com condescendência
a minha intimidade, o modo vulnerável e subterrâneo
com que sinto subjugar-te.
Depois expulsas-me de ti sem dores de parto
e eu guardo a sensação de te habitar
com uma certa presunção de inocência."
(in José Rui Teixeira - assim na terra)
Isabel Reis Santos
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial