Tisanas
229
"O auto-retrato. Todos os artistas que fizeram o seu auto-retrato ao longo dos tempos não foi bem porque se achassem particularmente belos ou interessantes mas porque assim avaliavam o seu grau de passagem. Eu escrevo o meu nome."
337
"A minha poética do real manda-me que o diga. Mas o que vêem os meus olhos? O melhor do que eu vejo não se vê olhando. Penso nisso e depois escrevo: como eu gostava de poder acreditar nessa vaidade que a todos deita por terra."
374
"Era uma vez uma pessoa que procurava a sabedoria. Tinham-lhe dito que para a atingir tinha sempre de aceitar e recusar ao mesmo tempo tudo o que lhe fosse oferecido, dito ou mostrado. Quando perguntava por onde era o melhor caminho e lhe diziam "é por ali" ela devia seguir imediatamente nesse sentido e depois no sentido contrário.
Tendo assim percorrido todas as direcções indicadas e as não indicadas, sem mais caminhos a percorrer, sentou-se no chão e começou a chorar. Sem saber, tinha chegado."
461
"A renúncia, o desapego das coisas. O amor ama as coisas difíceis, por isso quem ama vive num permanente estado de impaciência. Ameaçado pela perda, sente-se aos poucos apagado. Mas o que não podemos ter fica connosco para sempre."
(Ana Hatherly)
Isabel Reis Santos
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