O Beijo da Fénix

O Renascimento sob o Signo da Fénix, por Isa e Neuza

8/24/2006

Iguais a ninguém


Sempre pessoas à volta, tantas pessoas à volta…pessoas e eu sozinha dentro de mim, um esconderijo em que guardava tudo.
Porque nós nunca somos como os outros querem que sejamos, porque nunca somos iguais a eles. Somos nós, iguais a ninguém.
Mas como os outros, também eu não me conheço no meu interior. E dentro de uma lágrima os dias são sempre tão cinzentos.
E o nosso coração, o de ninguém, talvez nunca sirva para amar. A sua função é bater; bater, bater, bater; bombear-nos de sangue e nós, nós sempre tão vazios.
Peço-vos, coloquem-me então as algemas antes que eu cuspa sangue. E uma bola de vómito, de sangue, para ser expelida de dentro de mim. Libertar-me de mim própria.
E eu sei, sei o que é pisar a terra que tapa um corpo que amamos. E sei o que é morrer por dentro por se guardar palavras.
E eu sei, também sei que perdi uma irmã que levou o meu sangue, e as palavras, sempre elas e a sua falta, porque não há palavras para quem não pode ouvir, nem sorrisos para quem não pode ver. E uns braços tão frios, tão frios.
Somos todos um desencontro do mundo e o mundo um desencontro de nós. Este interior vazio onde não há lugar para mais nada, onde nunca nos encontramos.
E eu nada, nunca, ninguém.

Isabel Reis Santos

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