O Cão Marley
"Marley podia não ser um cão especialmente prendado. Mas era inquestionavelmente leal. (...)
Marley tornara-se o companheiro ideal, um companheiro quase constante, um amigo. Era o espírito indisciplinado, recalcitrante, inconformado e politicamente incorrecto que eu sempre quisera ser, se tivesse tido coragem para tal, e o seu entusiasmo sem limites proporcionava-me uma espécie de alegria em segunda mão. Por mais complicada que a vida se tornasse, Marley fazia-me lembrar os seus prazeres mais simples. Por mais exigências que impendessem sobre mim, ele nunca me deixava esquecer que a desobediência voluntária às vezes vale a pena. Num mundo cheio de patrões, Marley era senhor de si mesmo. (...)
Marley era uma carga de trabalhos. Tinha uma caterva de maus hábitos e comportamentos. Era culpado de todas as acusações que sobre ele impendiam. De forma desairosa, é certo, a verdade é que ele se esforçava.
Parte da nossa missão como donos era moldá-lo às nossas necessidades, mas por outro lado também tinhamos de o aceitar por aquilo que ele era. Não só aceitá-lo como celebrá-lo e ao seu indomável espírito canino. Tinhamos trazido para casa uma coisa viva e sensível, e não um mero adereço para enfeitar a casa. Para o bem e para o mal, era o nosso cão. Fazia parte da nossa família, e, apesar de todos os seus defeitos, tinha-nos devolvido mil vezes o nosso afecto. Uma dedicação como a dele não havia dinheiro que a pudesse comprar. Não estava disposto a abandoná-lo."
(in John Grogan - Marley & Eu - A vida e o amor do pior cão do mundo)
Isabel Reis Santos
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